Crédito: solução ou problema?

Crédito: solução ou problema?

Iniciação > Notícias > Poupança e Investimento > Crédito: solução ou problema?

Poupança e Investimento

Equilibrar as contas do mês costuma ser um grande desafio para a maioria dos brasileiros. Muitas vezes, falta dinheiro para o essencial e os sonhos de consumo ficam cada vez mais distantes. Com isso, aumenta a tentação de utilizar o cartão de crédito, contratar um crediário ou pegar dinheiro emprestado.

Uma pesquisa realizada, em agosto de 2022, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), indicou que 79% das famílias brasileiras relataram ter dívidas a vencer, um aumento significativo de 6,1% em relação ao mesmo período de 2021.

Houve também crescimento no volume de operações de crédito com carnês e cartões de lojas de varejo, especialmente entre as famílias de menor renda, isso mostra que os consumidores têm buscado alternativas aos bancos. Um ponto de atenção é a elevação de 4% na inadimplência das famílias, que atingiu 29,6% dos endividados.

Esses dados ilustram a importância do crédito no financiamento do consumo e os problemas enfrentados pelas famílias decorrentes da falta de controle e planejamento financeiro. Mais do que simplesmente olhar o valor da parcela, é necessário entender quando a utilização do crédito é positiva.

O primeiro passo nesse processo é identificar o que é essencial e precisa ser adquirido imediatamente, e o que é supérfluo e pode ser comprado futuramente, economizando-se o valor necessário. Gastos com vestuário, viagens, lazer e celular, por exemplo, só deveriam ser feitos quando houver dinheiro suficiente para realizar o pagamento à vista.

Já a substituição de uma dívida cara por outra mais barata, depois de já terem sido esgotadas todas as tentativas de renegociação, bem como situações urgentes e inesperadas, como aquelas ocasionadas por problemas de saúde, justificam a contratação do crédito. Se a operação for usada para investimentos que visam aumentar a renda futura através da realização de um curso, da abertura de um negócio ou da compra de um imóvel, também é um bom negócio.

Em todos os casos, é preciso garantir que haverá espaço no orçamento para o pagamento da dívida, sem atrasos. Para isso, é necessário que haja uma sobra de dinheiro após o pagamento de todas as despesas do mês. Recomenda-se que o valor total das parcelas de todas as operações de crédito não seja maior do que 30% da renda mensal disponível.

Isso inclui os gastos com o cartão de crédito. Esse meio eletrônico de pagamento amplamente aceito facilita as compras e permite parcelar o valor. Essas vantagens combinadas com o limite de crédito, permitem ao usuário gastar mais do que o saldo disponível em conta corrente, levando muitos a consumir acima de suas capacidades financeiras.

Usar o cartão de forma inteligente demanda muito controle para evitar problemas futuros. Não se deve deixar de pagar as faturas ou optar pelo pagamento mínimo, pois as elevadas taxas de juros fazem a dívida crescer rapidamente, gerando um efeito bola de neve.

Neste caso, o ideal é que o devedor adote medidas para reduzir os gastos e busque a melhor alternativa para quitar a dívida tão logo o problema seja identificado. Caso não haja dinheiro disponível em um fundo de emergência ou aplicação financeira para isso, a melhor alternativa é buscar uma operação de crédito com taxas mais atrativas para substituir a dívida.

Empréstimos podem ser usados para essa finalidade, além de muitas outras aplicações. Variáveis como score do tomador, prazo e garantias têm grande impacto nas taxas de juros. Os consignados e aqueles que contam com garantias oferecem as menores taxas, enquanto o cheque especial e o rotativo as mais elevadas, devendo ser evitadas.

Já o financiamento tem uma destinação específica – geralmente a aquisição de um bem móvel ou imóvel – e costuma oferecer melhores taxas, pois utiliza os bens adquiridos como garantia. Um ponto de atenção quando se adquire um veículo ou um imóvel é o aumento das despesas fixas decorrentes da manutenção, dos impostos, dos seguros e demais despesas relacionadas. Tudo isso precisa ser incorporado no orçamento e terá um impacto relevante nas finanças pessoais.

Ambos, no entanto, aumentam significativamente o valor final pago. Sem contar que quanto mais longo for o prazo da operação, maior tem que ser o planejamento, o controle e, eventualmente, o sacrifício financeiro necessário para evitar a inadimplência.

Com o Open Finance e o surgimento das Fintechs, aumentaram as ofertas de crédito e as possibilidades de portabilidade para o consumidor. Escolher a instituição que ofereça o melhor custo efetivo total – que inclui os juros, encargos, impostos e eventuais seguros – além do prazo e das condições mais favoráveis é fundamental. Mas cuidado com as ofertas falsas e os golpes financeiros na internet.

A decisão pelo uso do crédito passa por uma análise franca de prioridades e uma boa gestão emocional. Com planejamento e controle, o crédito pode ser um ótimo instrumento para viabilizar sonhos e objetivos de vida!