Nuria Espert
Vencedora do Prêmio por Toda uma Vida Profissional José Manuel Martínez Martínez
A atriz e diretora espanhola Núria Espert foi selecionada pelo júri para receber nosso Prêmio por Toda uma Vida Profissional, um reconhecimento que não apenas celebra seu incrível talento nas artes cênicas, mas também seu compromisso com as causas sociais. Ao longo de sua carreira, Espert demonstrou uma profunda sensibilidade para questões como justiça social, igualdade e direitos humanos, destacando-se não apenas pelo que conquistou no palco, mas também por seu constante apoio aos mais vulneráveis.
Biografia de Nuria Espert
Nascida em 1935 em Hospitalet de Llobregat, Barcelona, Núria Espert começou sua carreira teatral aos 16 anos, na companhia de teatro Romea. Somente três anos depois, em 1954, sua atuação em Medéia, no Teatre Grec, em Barcelona, colocou-a no mapa do teatro espanhol. Mas isso foi apenas o começo: em 1959, aos 24 anos, ela fundou sua própria companhia de teatro, tomando as rédeas de seu destino artístico com coragem e determinação.
Ao longo de sua extensa carreira, Espert brilhou nos palcos de todo o mundo, interpretando obras de grandes autores como Calderón de la Barca, Shakespeare, García Lorca, Brecht e Sartre. Durante a década de 1970, sua fama cresceu internacionalmente, levando-a a se apresentar nos teatros mais importantes do mundo. Em 1979 foi nomeada diretora do Centro Dramático Nacional e, na década de 1980, ampliou seus horizontes dirigindo óperas em cidades como Londres e Tóquio.
Com enorme habilidade artística, Núria Espert conseguiu transitar com facilidade entre o teatro, a ópera, a música e o cinema, demonstrando grande versatilidade. Seu legado no mundo da cultura e seu compromisso com as causas sociais fazem dela uma das figuras mais respeitadas em nosso cenário cultural.
A carreira de Nuria Espert no teatro
Em sua longa carreira, ela se destacou por suas atuações em peças dos maiores dramaturgos. Durante a década de 1970, Núria Espert alcançou fama mundial e atuou nos palcos mais importantes do cenário teatral internacional. Na década de 1980, estendeu sua carreira à direção de palco e ópera, dirigindo produções de sucesso em Londres, Tóquio e outras cidades. Yerma, Fedra, Las criadas, Divinas palabras, Doña Rosita la soltera, Salomé, Don Juan Tenorio, etc., a lista de peças estreladas por Núria Espert é interminável.
Em 1987 ela fez sua estreia na ópera com Madama Butterfly, de Puccini, no Covent Garden de Londres. Essa ópera foi seguida por Rigoletto e La Traviata, de Verdi, e Carmen (1991), de Bizet. Posteriormente, a atriz dirigiu os coros de vários teatros, como o Teatro Real de Madri, o Teatro de la Moneda, em Bruxelas, a Ópera de Los Angeles, a Ópera de Frankfurt e o Liceu de Barcelona.
Na década de 1990 ela voltou ao teatro com sucesso e continuou em papéis principais em peças como A Gaivota, de Tchekhov, e Quem Tem Medo de Virginia Woolf?, de Edward Albee. Na década de 2000, ela voltou à ópera e estrelou produções como La Celestina e La Loba.
Em 2023, depois de interpretar La isla del aire, de Mario Gas, anunciou sua aposentadoria dos palcos.
Nuria Espert e seu impacto no teatro espanhol
Ao longo de sua carreira, Espert demonstrou uma grande paixão pelo teatro clássico e, em particular, pelos dramaturgos espanhóis. A atriz interpretou personagens de Calderón de la Barca, García Lorca, Lope de Vega, Cervantes, Valle-Inclán, Zorrilla, entre outros renomados escritores. Sua atuação em Yerma, de Lorca, que estreou no Teatro de La Comedia, em Madri, em 30 de novembro de 1971, foi aclamada pela crítica e pelo público e ultrapassou as 2.000 apresentações.
Além disso, a atriz trabalhou sob a direção de grandes diretores, como Miguel Narros, Mario Gas e Lluís Pasqual. Como diretora de teatro, em 1986 obteve grande sucesso em Londres, dirigindo La casa de Bernarda Alba. Por esse trabalho, recebeu o prêmio London Drama Critics’ Circle Award de Teatro de Londres.
Seu amor pela poesia e sua arte de declamar levaram-na a dar voz a poemas de poetas espanhóis como Rafael Alberti, Jorge Manrique, Francisco de Quevedo, Lope de Vega, Antonio Machado, Miguel Hernández, Gustavo Adolfo Bécquer e seu poeta favorito, Federico García Lorca, cujos versos, como o Romancero Gitano, ela declamou em muitas ocasiões.
Prêmios e reconhecimentos de Nuria Espert
Com mais de 60 anos de experiência no mundo da arte, Núria Espert recebeu vários prêmios que destacam seu incrível talento e dedicação às artes. Entre os prêmios mais importantes estão o Prêmio Princesa de Astúrias para as Artes e a Medalha de Ouro ao Mérito nas Belas Artes, distinções que refletem não apenas sua carreira impecável, mas também sua contribuição para uma sociedade mais livre, justa e humana. Ao longo dos anos, Espert tem sido uma firme defensora da liberdade de expressão e da cultura, usando sua influência para apoiar causas que transcendem o palco.
Além desses prêmios, Núria Espert recebeu o prêmio Max Honorífico, o prêmio Nacional de Teatro, o prêmio Butaca a la Mejor Actriz e o Fotogramas de Plata a la Mejor Actriz Teatral, entre muitos outros. Seu legado é imenso, tanto artisticamente quanto em seu compromisso com a sociedade.
As grandes peças protagonizadas por Nuria Espert
Ao longo de sua carreira artística, Núria Espert interpretou inúmeros personagens masculinos e femininos, que ficaram gravados na memória coletiva. Esses são os mais representativos:
- Yerma, de Federico García Lorca: o papel de Yerma foi uma das interpretações mais icônicas de Núria Espert.
- La Casa de Bernarda Alba, de Federico García Lorca: Núria Espert interpretou Bernarda Alba em diferentes produções ao longo de sua carreira, e até mesmo dirigiu sua própria versão.
- Doña Rosita la soltera, de Federico García Lorca: como Doña Rosita, a atriz deslumbrou, destacando sua capacidade de interpretar personagens femininas complexas.
- Medeia, de Eurípedes: sua interpretação de Medeia é considerada uma das mais poderosas de sua carreira, destacando-se por sua força dramática.
- Romeu e Julieta, de William Shakespeare: em seus primeiros anos como atriz, interpretou Julieta em várias produções dessa clássica peça shakespeariana.
- La Loba, de Lillian Hellman: a atuação de Núria Espert foi elogiada pela complexidade que ela trouxe à personagem Regina Giddens nessa história de poder e ambição.
- Electra, de Sófocles: nessa tragédia grega, Espert explorou os profundos sentimentos de vingança e justiça de Electra.
- Tio Vania, de Anton Tchekhov: nessa peça russa, Núria Espert mostrou seu talento para interpretar Yelena.
- La Celestina, de Fernando de Rojas: a atriz, em seu papel de Celestina, demonstrou sua grande capacidade de representar personagens femininas icônicas da literatura espanhola.
- Hamlet, de William Shakespeare: em uma versão transgressora do clássico de Shakespeare, Núria Espert assumiu o papel principal de Hamlet, um personagem masculino icônico da literatura universal. Essa produção provou que uma grande atriz pode interpretar tantos papéis masculinos quanto femininos, trazendo consigo o mesmo nível de intensidade, profundidade e maestria.
Nuria Espert, humanidade e compromisso
Tanto no palco quanto atrás das cortinas, Núria Espert demonstrou, ao longo de sua carreira, seu compromisso de trabalhar dia após dia, tanto pessoal quanto profissionalmente, para alcançar um mundo melhor.
No campo das artes cênicas, ela lutou pelos direitos das mulheres, usando sua voz para defender o papel da mulher na sociedade, especialmente no mundo da arte e da cultura.
Defensora da ética e da humanidade, Núria Espert é e foi um exemplo para as gerações futuras, uma mulher que ajudou a consolidar os valores de solidariedade, generosidade e dignidade.
Núria Espert também colaborou ativamente com campanhas de conscientização social e participou de projetos humanitários, como sua doação para arrecadar fundos para as vítimas do vulcão Cumbre Vieja, de La Palma, em 2022. Sua liderança e capacidade de inspirar novas gerações foram fundamentais para seu legado, servindo como guia e mentora para jovens artistas.
Ciente de que a cultura é um direito humano essencial, a atriz tem apoiado projetos que promovem o acesso à cultura, especialmente para os grupos mais vulneráveis.